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Quando estava começando no mundo do rap, Brother Ali aprendeu rapidamente como a cor da pele faz diferença. "Eu me sentava para fazer entrevistas e os jornalistas perguntavam, 'você é negro ou branco?'" lembra o rapper norte-americano, que é albino. "Eu rebatia: 'o que você acha?'."
Para constar, Ali é caucasiano. Mas a sua falta de pigmentação na pele favorece a ambigüidade e afasta o rótulo de rapper branco - algo tentador para quem cresceu sendo aceito por crianças negras e maltratado por seus colegas de classe brancos.
"Não é que as crianças negras não tirassem sarro de mim, mas era diferente", revela Ali, 29, cujo nome verdadeiro é Jason Newman. "Não era um modo de me excluir ou de me fazer sentir como se não fosse um ser humano."
Foi pela amizade com negros, primeiro em Detroit e depois em Mineapolis, que Ali encontrou dois escapes que ajudaram a controlar sua fúria de outsider - o hip hop e o islamismo. A revista "Rolling Stone" declarou recentemente seu novo álbum, "The undisputed truth", como um dos melhores discos de rap de 2007.
Mas Ali diz que não está interessado apenas em fazer músicas de sucesso. Suas rimas são sua libertação, um modo de processar uma infância dura e alcançar outros ouvintes que possam ter sofrido a sua própria maneira.
"O que estou dizendo vem do coração, então se signficar algo para alguém, é uma conexão real que temos não importa quem sejamos", defende o rapper.
Chegar a essa sabedoria, no entanto, não foi fácil. As provocações começaram cedo e o perseguiram durante anos. "Sempre fui uma criança grande, cheinha", diz ele, que também é considerado tecnicamente cego, algo comum para os albinos. "Eu tinha aqueles cabelos brancos compridos, e não vestia as melhores roupas. Eu simplesmente parecia estranho."
Mas Ali descobriu cedo uma paixão por se apresentar e dançar, algo que ele nunca teve medo de mostrar nos eventos da escola. Era uma maneira de chamar atenção para si mesmo por algo além de sua aparência incomum. Isso ajudou-o a fazer amizade com outros meninos interessados em break-dancing e hip hop.
Malcom X e islamismo
Ali teve uma vida turbulenta em casa, com sua família se mudando com freqüência, e os pais se separando diversas vezes antes de terminarem o casamento quando ainda era adolecente. Usando o hip hop para quebrar o gelo, Ali fazia amizade com negros aonde quer que fosse.
Era um alívio ter amigos que entendiam o que era ser julgado pela cor da pele. Isso levou-o a ler a autobiografia de Malcom X, que ele cita como uma grande influência em sua decisão de se converter ao islamismo aos 15 anos.
"Ele estava buscando algo em que pudesse se encaixar", disse Arlene El-Amin, cujo filho é o imã da mesquita que Ali passou a visitar quando adolescente logo que se mudou para Minesota. "Ele estava lutando para encontrar uma identidade e encontrou um nicho onde não apenas poderia se sentir confortável mas também alcançar outros que se sentissem igualmente perdidos".
Ainda que, por um tempo, tenha desejado se tornar também um imã, Ali continou a cantar rap. Alguns anos atrás, mandou uma fita demo para o Rhymesayers, um selo influente de rap de Mineapolis, e, em pouco tempo, já tinha um contrato de gravação.
Casamentos
Ali lançou seu primeiro disco em 2003, mas sua vida pessoal tumultuada ainda não tinha chegado ao fim. Ele se casou aos 17 anos e teve um filho, mas aos 20 e poucos o casamento já estava acabando.
Ele continuou lutando contra o que chamava de "temas principais da identidade", o que o levou ao encorajamento das confusões sobre sua origem racial. Ele assumiu que odiava a idéia de ser considerado um "rapper branco", com toda a conotação negativa que isso traz. "Eu não queria ser confundido com esse fúria adolescente das pessoas de classe média que odeiam suas mães e seus pais, começam a usar calças largas, fumar maconha, usar o boné para trás e falar palavrão", defende-se.
"The undisputed truth" oferece uma chance para exorcisar muitos desses demônios, sejam eles cicatrizes daquele casamento, em "Walking away" ou sua ambivalência sobre classificações de raça em "Daylight": "Me perguntam se sou negro ou branco, não sou nenhum / Raça é algo inventado, eu não acredito nisso".
Atualmente, Ali casou de novo e tem a custódia de seu filho de sete anos, Faheem. Arlene El-Amin afirma que tem ouvido uma nova mensagem em sua nova safra de canções. "Ele ultrapassou os rótulos", disse El-Amin. "Acho que o seu objetivo é tentar passar a mensagem de que as pessoas e a humanidade vêm antes. Todos os outros rótulos são secundários."